Segunda-feira, 30 de Junho, 2025

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Ministra da Saúde reprova postura da gestão dos centros de hemodiálise

A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, reprovou a postura da entidade privada gestora dos centros de hemodiálise dos municípios de Benguela e do Lobito, que de alguma forma intimida os doentes, informando-os dos riscos de vida que correm devido à dívida que o estado tem por saldar.

Segundo a governante, que falava à imprensa, na cidade de Benguela, sobre os problemas recorrentes nos dois centros, cuja entidade gestora reclama uma dívida avaliada em oito mil milhões de kwanzas acumulada desde 2014, não se deve fazer chantagem com os pacientes, pois, eles precisam apenas de conforto e saber que têm tratamento e que o mesmo está a ser feito de forma adequada.

“Em nenhum momento devemos dizer aos pacientes que podem morrer por falta de assistência decorrente de uma dívida do estado, ameaçá-los, como aconteceu. É errado, em medicina, não se trata as pessoas dessa forma, a humanização dos serviços de saúde deve estar na agenda”, exortou.

Na mesma senda, disse que a solução dos dinheiros e de outras questões não passam pelos doentes, existe um contrato entre o estado e a empresa gestora e juntos devem encontrar solução para esse problema.

Garantiu que o estado vai pagar paulatinamente essa dívida, tendo já desembolsado 80 milhões de kwanzas, reconhecendo que há grandes desafios com consumíveis e outros custos operacionais dessas unidades.

 Por outro lado, a ministra da Saúde revelou que ainda este ano a província de Benguela terá um centro de hemodiálise com gestão do governo angolano.

“Benguela é prioridade número um, nós vamos em breve e viemos cá para dar também, para além do diálogo com as empresas e doentes, uma solução pública, com uma hemodiálise do estado, com gestão pública, ainda este ano”, referiu.

Entretanto, reagindo às declarações da ministra da Saúde, o responsável das hemodiálises de Benguela e do Lobito, João Bispo, disse que mesmo que haja muito boa vontade por parte da empresa gestora, com a dívida existente, não têm possibilidade de assumir determinados encargos, como o pagamento de materiais, para manter os centros a funcionar por muito mais tempo.

Em relação a possível gestão pública de um centro de hemodiálise, disse que têm um acordo com o ministério da Saúde para prestação de serviço, construção e exploração dos referidos centros durante 12 anos.

“No caso de Benguela, faltam quatro anos de vigência desse acordo, findo o qual, os centros passam à tutela do estado. Se o estado pretender assumir a gestão antes, respeitamos e estamos abertos a cooperar”, disse.    

Sobre os oitenta milhões de kwanzas já pagos, alegou serem insuficientes para cobrir as despesas com o pessoal, alegando que se o montante for todo canalizado para o pessoal, não vão conseguir arranjar um gerador que está avariado e estará comprometida a alimentação dos doentes por falta de pagamento.

No princípio do corrente mês, João Bispo havia dito à imprensa que os centros de hemodiálise dos municípios de Benguela e do Lobito podem encerrar as portas dentro de um mês, por falta de material de tratamento e cinco meses de salário em atraso.

Na ocasião, o responsável disse que a realidade era dramática devido a asfixia financeira dessas instituições.

“O pessoal não recebe salários há cinco meses e até o final do mês já não haverá material para tratamento dos pacientes. Temo que alguns venham a falecer por falta de assistência”, desabafou na altura.

Os centros de hemodiálise de Benguela e do Lobito assistem actualmente 250 pacientes com insuficiência renal.

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