O economista e jornalista João Armando defende a necessidade do Executivo angolano tirar o máximo proveito do adiamento, durante três anos, do pagamento da dívida bilateral para com a China.
Recentemente o governo da China anunciou a suspensão do pagamento da dívida, a partir de Maio deste ano, de um grupo de 77 países e regiões em desenvolvimento, incluindo Angola.
Para o economista, o dinheiro, neste período de moratória de três anos, cujo processo ainda está em negociações entre as partes, deve ser aproveitado de modo racional, para fomentar a produção interna e devolver o poder de compra aos cidadãos.
João Armando que foi orador nesta quinta-feira, via webinar, no encontro sobre o Desenvolvimento Económico e a covid-19, numa promoção da Câmara de Comércio e Indústria Angola e Alemanha aponta, entre várias prioridades, a manutenção dos serviços já existentes e a recuperação do consumo interno.
” Há sempre esta tendência quando do há folga no país comprar coisas novas ao invés de se olhar para melhoria daquilo que já existe”, disse João Armando quando respondia a uma questão de um participante no encontro.
Lembrou ainda que não há desenvolvimento económico sem a recuperação do consumo, que no seu entender passa pelo aumento da capacidade de produção e compra interna, por parte das famílias.
Acrescentou que as medidas devem estar vocacionadas para que haja maior consumo e este, por sua vez, seja suportado pelos “players” investidores que actuam no mercado.
Durante a sua prelecção, João Armando falou sobre as medidas e políticas em curso em Angola para o alívio económico face ao actual contexto.
O processo de privatização dos activos do Estado, a prestação dos serviços financeiros nas empresas, o actual quadro da política fiscal, as insuficiências no sector de logística, foram entre outros pontos abordados pelo economista.
Baseada na Alemanha, Rena Terfrutche, bancária e especialista em instituições financeiras de desenvolvimento também falou sobre a estratégia que o seu país definiu para fazer frente à covid-19.
Uma das estratégias foi injectar 1,3 biliões de euros para apoiar o sector da saúde, 50 mil milhões de euros para as micro, pequenas empresas, além da suspensão de taxas.
No encontro foi reiterado, que a Alemanha mantém o apoio a Angola, através da linha de crédito e a outros países africanos para alavancarem as suas economias.
A linha de crédito do Deutsche Bank da Alemanha de mil milhões de dólares disponíveis para o sector agro- industrial em Angola pode constituir uma das provas do referido apoio.