O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, exigiu hoje explicações à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) pelo seu papel de “intermediária” na transferência de médicos cubanos para o Brasil para a ajuda no combate à pandemia de covid-19.
“Quero expressar as preocupações dos Estados Unidos sobre o papel da OPAS na facilitação para o trabalho de médicos cubanos no Brasil. Deve explicar como se tornou intermediária”, realçou Mike Pompeo, em conferência de imprensa, citado pela agência EFE.
O governante norte-americano destacou que “presumivelmente” mais de 10 mil cubanos foram enviados para o Brasil, ao abrigo do programa ‘Mais Médicos’, para reforçar as equipas de saúde do país sul-americano, o mais afetado naquela região devido à covid-19, registando mais de 38 mil mortos e quase 740 mil casos.
Mike Pompeo sublinhou ainda que quem contrata médicos cubanos deve pagar-lhes diretamente e não ao Governo do seu país, explicando que esse formato beneficia o regime cubano.
O salário que um país que solicita ajuda paga por cada profissional cubano varia, mas os trabalhadores recebem apenas uma percentagem desse dinheiro, estimado entre 20% e 30%. O restante vai para os cofres do estado cubano, o que garante que essas receitas sejam usadas para financiar o sistema de saúde gratuito em Cuba.
Cuba enviou 34 brigadas, num total de 3.337 médicos e enfermeiros, a pedido de autoridades de 27 países de África, América e Europa.
Segundo os dados do Ministério da Saúde Pública daquele país, os profissionais de saúde já trataram mais de 61 mil pacientes infetados com covid-19.
“Como fizemos com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a administração do presidente Donald Trump irá exigir responsabilidades a todas as organizações internacionais de saúde que dependem dos recursos dos contribuintes norte-americanos”, acrescentou.
Donald Trump anunciou em maio a retirada dos Estados Unidos da OMS, depois de ter criticado o trabalho daquele organismo durante a pandemia de covid-19.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 411 mil mortos e infetou mais de 7,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (112.006) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,9 milhões).
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados (quase 740 mil, atrás dos Estados Unidos) e o terceiro de mortos (37.406, depois de Estados Unidos e Reino Unido).