Sábado, 27 de Julho, 2024

Governador quer evitar paralisação da EKA

O governador provincial do Cuanza Norte, Adriano Mendes de Carvalho, solicitou quarta-feira, em Ndalatando, à direcção da EKA, uma moratória, antes de avançar com a paralisação da fábrica, para consulta aos organismos centrais de tutela.

A empresa cervejeira EKA, situada no Dondo, município de Cambambe, anunciou a cinco de Maio último a suspensão da produção a partir deste mês de Junho, devido ao aumento dos custos operacionais. 

O governador fez tal pedido durante uma reunião com representantes da direcção e trabalhadores da EKA, onde foi analisado o impacto económico e social da paralisação desta unidade fabril para a província.

Explicou que o governo local manifesta-se contrário ao encerramento da fábrica, tendo em conta as suas implicações na vida dos munícipes.

Por esta razão, vai pedir a intervenção dos ministérios do Comércio e Indústria e da Economia, assim como de outras estruturas centrais do governo, para soluções que evitem a paralisação, tendo como critério a salvaguarda dos postos de trabalho e os interesses económicos e financeiros da empresa.

No final do encontro, o director-geral da EKA, Marc Mayer, disse à imprensa que a paralisação da produção da cervejeira poderá mandar ao desemprego 160 trabalhadores dos 197 que laboram actualmente na empresa.

Após o seu encerramento, a empresa será transformada em entreposto comercial dos produtos do grupo Castel-Angola, que detém actualmente a gestão da EKA, como as marcas de cerveja Soba Catumbela, Cuca e a Cobeje.

Explicou que a marca EKA passará a ser produzida em outras unidades fabris sediadas em Luanda e Benguela, igualmente detidas pelo grupo.

Referiu que a medida faz parte da estratégia do Grupo Castel de diminuição da sua capacidade de produção, uma vez que o mercado tradicional da EKA (provínciais do Cuanza Norte, Luanda e Malanje) tornou-se inapto para absorver toda a produção desta marca.

Para si, é economicamente preferível importar a cerveja do que manter os custos actuais de produção desta fábrica.

Entretanto, o responsável da Comissão Sindical dos trabalhadores da EKA, António Miguel Manuel, presente no encontro, manifestou-se contrário à produção desta marca de cerveja em outras unidades fabris do grupo, fora da fábrica tradicional, devido ao impacto desta medida na manutenção dos postos de trabalho.

Face às dificuldades financeiras que o grupo está a viver, o mesmo sugeriu a cessação do contrato de gestão que o Estado angolano (dono da fabrica) mantém com este grupo e submete-la a concurso público para se encontrar novos investidores interessados em manter a produção e os postos de trabalho desta unidade.

A empresa interrompeu as suas operações a  01 de Junho em curso e está, presentemente, apenas a comercializar produtos de outras fábricas do grupo.

No total serão dispensados 64 trabalhadores com contrato a tempo certo e 96 por tempo indeterminado, afectando 160 agregados familiares desses trabalhadores, além de outros três mil empregos indirectos, segundo a fonte.

O mesmo estima ainda que a medida vai agravar os problemas de milhares de famílias do Cuanza Norte, cuja fonte de sustento é a comercialização deste produto no mercado informal, assim como a redução das contribuições tributárias da província para o Orçamento Geral do Estado (OGE).

Inaugurada em 1972, a EKA beneficiou, em 2008, de um investimento de 30 milhões de dólares, que permitiu a modernização da unidade fabril através da instalação de uma segunda linha de enchimento, com um sistema moderno e automatizado.

Neste mesmo ano, a gestão desse empreendimento cervejeiro passou ao Grupo Castel Angola, por via de um contrato de concessão, passando a deter deste modo todas as principais marcas de Cerveja Nacionais.

Presentemente, o grupo gere 12 fábricas de bebidas em Angola e produz cerca de 16 marcas, nomeadamente, Cuca, Nocal, EKA, N’gola, Doppel, Beaufort, 33” Export, Booster, XXL, Coca-Cola, Fanta, Sprite, Schweppes, Youki, Top, Vimto, com uma variedade de formatos que vai desde garrafa, lata, pet, descartavel e barril.

Na EKA, a Castel Angola detém 46 por cento das acções, enquanto o grupo de entidades privadas agrupam 50 por cento e o Estado com os restantes quatro.

Fruto de uma baixa de 40 por cento nos níveis de produção, em consequência da paralisação da sua primeira linha de enchimento, a empresa reduziu a sua capacidade de produção de 55 mil litros de cerveja por hora para os actuais 27 mil litros/hora.

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