Domingo, 22 de Dezembro, 2024

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Procurador da ONU saúda detenção do financiador do genocídio no Ruanda

O principal procurador da ONU para o genocídio no Ruanda saudou hoje a detenção do “financiador” daquele crime como “um aviso” a todos os responsáveis pelo genocídio de que terão de responder perante a justiça.

Félicien Kabuga, um empresário acusado pela justiça internacional de financiar o genocídio de 800 mil tutsis em 1994 no Ruanda, foi detido hoje na região de Paris.

Para Serge Brammertz, principal procurador do Mecanismo para os Tribunais Internacionais (MPTI), a detenção “vem lembrar” que “todos os suspeitos de genocídio podem ser responsabilizados, mesmo 26 anos depois dos seus crimes”.

A detenção destaca por outro lado, disse, “a força da determinação” da justiça internacional.

Serge Brammertz dirige o MPTI, com sede em Haia, encarregado de concluir os trabalhos do Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR), encerrado em 2015, e do Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPIY), encerrado em 2017.

Félicien Kabuga, atualmente com 84 anos, é acusado de ter criado as milícias interahamwe, principal braço armado do genocídio de 1994.

Kabuga estava entre “os fugitivos mais procurados do mundo”, segundo as autoridades francesas, que anunciaram a sua detenção hoje de manhã num subúrbio de Paris, onde vivia com identidade falsa.

“Depois de finalizados os procedimentos apropriados nos termos da lei de França, Félicien Kabuga será entregue ao MPTI para ser julgado”, informou o Mecanismo em comunicado.

O procurador agradeceu a atuação das autoridades francesas, de outros países que não identificou e da Interpol e Europol.

O Tribunal Penal Internacional para o Ruanda acusou formalmente Kabuga em 1997 de conspiração para cometer genocídio, genocídio ou cumplicidade para cometer genocídio, incitamento direto e público para cometer genocídio e extermínio como crime contra a humanidade.

Depois do genocídio, a justiça ruandesa apreendeu documentos em Kigali segundo os quais Kabuga usou as suas empresas para importar grandes quantidades de catanas usadas contra os tutsis.

O empresário foi ainda acusado de estabelecer uma estação de televisão que difundia propaganda contra os tutsi e de financiar o treino e equipamento das milícias interahawme.

Cerca de 8.000 tutsis e hutus moderados foram mortos diariamente entre abril e junho de 1994 no Ruanda por membros da etnia hutu.

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