Sábado, 27 de Julho, 2024

Especialista apela ao entendimento na CPLP

O técnico do Instituto de Língua Portuguesa, Gimi Panzo, apontou, nesta segunda-feira, em Luanda, a necessidade da criação de uma plataforma comum entre os Estados Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para o fim do impasse na aplicação do acordo ortográfico.

De acordo com o especialista, que falava no Colóquio sobre a Língua Portuguesa, apesar de haver diferenças, também fruto das realidades culturais de cada país membro, devem, no entanto, unir-se e criar uma plataforma que ponha fim ao desacordo.

“Todos os países devem se sentir integrados e beneficiários, para se alcançar o sucesso esperado em relação ao acordo ortográfico “, frisou.

Afirmou que o impasse está a propiciar a separação entre os falantes da língua portuguesa, causando fraca diplomacia linguística entre os Estados da CPLP.

Gimi Panzo afirmou que os Estados não devem velar apenas pelos interesses próprios, mas olharem para o comum, por fazerem parte das relações internacionais.

O acordo ortográfico foi assinado para entrar em vigor a 1 de Janeiro de 1994, mediante a sua ratificação por todos os países-membros da CPLP. Porém, tal cenário não aconteceu, pois apenas Portugal, a 23 de Agosto de 1991, e o Brasil, a 18 de Abril de 1995, ratificaram o documento. Foram então assinados dois protocolos modificativos, em ocasiões diferentes.

O primeiro retirou do texto original a data para a sua entrada em vigor; e o segundo, para além de permitir a adesão de Timor-Leste, que acabava de alcançar a Independência, estabeleceu que seria suficiente que três membros da CPLP ratificassem o acordo para que entrasse em vigor.

O último país a ratificar o documento foi Moçambique, em 7 de Junho de 2012, depois de Portugal (1991), Brasil (1995), Cabo Verde (2005), Guiné-Bissau (2009), São Tomé e Príncipe (2006) e Timor-Leste (2009).

Entre as alterações que o novo Acordo traz, destacam-se: o aumento do alfabeto de 23 para 26 letras, com a introdução de “k”, “w” e “y”, precisamente para acomodar as palavras originárias de línguas estrangeiras e seus derivados, sobretudo nomes de pessoas e de lugares, entre outros, bem como siglas, símbolos e unidades de medida internacionais.

O uso da minúscula inicial nos dias da semana, nos meses, nas estações do ano e nos pontos cardeais e o uso facultativo de minúscula ou de maiúscula nas disciplinas escolares, nomes de lugares públicos ou edifícios, nas formas de tratamento e em nomes de livros ou de obras, excepto o primeiro nome;

A supressão das consoantes mudas (que não se ouvem), como “ação”, “diretor” ou “ótimo”, e sua manutenção em palavras como “pacto”, “ficção” ou “interrupção”, entre outras, por se pronunciar o “c”, a supressão do hífen em compostos, assim como o uso facultativo de acento nas formas verbais terminadas em “-ámos” (pretérito perfeito do indicativo dos verbos da primeira conjugação), ou no presente do conjuntivo do verbo “dar”, “dêmos” ou “demos.

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