O CEDESA, entidade internacional que investiga temas da África Austral, considera que o “sucesso, até ao momento” do combate à covid-19 em Angola resulta de o país ter uma população muito jovem e de uma reação rápida do Governo.
“O sucesso – até ao momento – do combate à covid-19 em Angola resulta de uma combinação de, pelo menos, dois fatores: a juventude da população angolana, aliada à rápida reação do governo”, afirma aquela entidade internacional dedicada ao estudo e investigação de temas políticos e económicos da África Austral, em especial de Angola, numa análise a que a Lusa teve acesso.
Esta análise, que teve por base os números do Worldometer, que analisa manualmente, valida e agrega dados de várias fontes e fornece estatísticas globais ao vivo da covid-19, abrangeu, além de Angola, os países que têm fronteira com o território angolano – República do Congo, República Democrática do Congo, Zâmbia e Namíbia.
De acordo com a mesma análise, “a situação angolana parece, dentro das circunstâncias, bastante positiva, mesmo fazendo uma comparação regional”, porque “a covid-19 não está a afetar a saúde da população de forma desmesurada”.
Porém, alerta que entre as várias razões que podem explicar este comportamento positivo do país, uma é de ordem natural, ou seja, porque o vírus “ainda não chegou a Angola”, embora haja “o perigo de tal acontecer no futuro”, afirmam os professores universitários do CEDESA.
Para já, um dos aspetos positivos apontados “foi a reação rápida do Governo a fechar fronteiras e a declarar o estado de emergência”.
“Não há dúvida que o executivo de João Lourenço [Presidente da República] foi rápido a agir e a tomar medidas numa altura em que as manifestações da covid-19 eram quase inexistentes em Angola. Esta capacidade de decisão imediata pode ter tido efeitos benéficos na saúde pública”, refere-se no documento.
Ainda de acordo com a análise, “as caraterísticas climatéricas de Angola, designadamente o tempo quente”, também podem ter ajudado a evitar uma maior propagação do vírus. Embora “não exista ainda um consenso na comunidade científica sobre o tema, têm surgido alguns estudos a demonstrar ou indicar que o tempo quente e/ou a exposição ao sol limitam a disseminação do vírus”, indica.
“Finalmente, há que considerar que a população angolana é extremamente jovem. Na verdade, cerca de 66% da população tem menos de 25 anos. Sabendo-se que, na sua maioria, a doença ataca os grupos mais seniores, facilmente se percebe que Angola tem uma imunidade natural ao vírus, devido à juventude da sua população”, conclui.
O CEDESA tem neste momento um protocolo com o alemão Internacional Security and Development Center, com o qual está a desenvolver um inquérito sobre a covid-19 a nível global.
De acordo com a sua página oficial, o CEDESA nasceu de uma iniciativa de vários académicos e peritos que se encontraram na ARN (Angola Research Network).
Angola conta com 27 casos confirmados da covid-19, entre os quais 18 casos ativos, dois óbitos e sete recuperados.
O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu para 1.589 nas últimas horas, com quase 37 mil casos da doença registados em 52 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), nas últimas 24 horas o número de mortos subiu de 1.521 para 1.589, enquanto as infeções aumentaram de 34.915 para 36.847.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 227 mil mortos e infetou quase 3,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Cerca de 908 mil doentes foram considerados curados.