O ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino de Azevedo, afirmou, nesta quinta-feira, que, caso a pandemia covid-19 permaneça, a capacidade de armazenamento de petróleo no mundo vai-se esgotar, nas próximas semanas.
O governante perspectivou o facto ao intervir na discussão dos cinco projectos de lei que autorizam o Presidente da República a legislar sobre a Dedução de Prémio de Investimento, em sede do Imposto sobre o Rendimento do Petróleo dos blocos 30,44,45,1/ 14 e do centro da zona terrestre de Cabinda.
Afirmou que a capacidade actual oscila entre 400 e 600 milhões de barris, prevendo-se para o mês de Abril um excesso de oferta em cerca de 25 milhões de barris de petróleo, depois de a OPEP e parceiros tomarem a decisão de fazer cortes no valor de 10 milhões de barris de crude.
“Estes cortes não são suficientes para trazer liquidez entre a procura e a oferta, facto que levou outros países não-membros da organização, como os Estados Unidos da América, o Canadá, a Noruega e o Brasil a decidirem e comprometerem-se em fazer igualmente cortes no valor de cerca 9,4 milhões de barris”, observou.
De acordo com Diamantino de Azevedo, mesmo com estes dois cortes não se terá o equilíbrio necessário para a recuperação do binómio oferta/procura.
Sustentou que, neste contexto, cabe a todos entenderem que, apesar das medidas tomadas pela OPEP, as produtoras de petróleo de diversos países têm de estar atentas, porque poderão ser chamadas a tomar medidas mais drásticas, pois não existindo capacidade de armazenamento, torna-se injustificável a continuidade da produção.
O ministro dos Recursos Minerais e Petróleos frisou que na altura da negociação dos contratos de concessão dos blocos em discussão não se previa a covid-19.
Contudo, argumentou, “de qualquer maneira estava-se perante uma situação de alta competitividade na indústria petrolífera mundial por parte de outros países produtores de petróleo com condições geológicas e infra-estruturas melhores do que as existentes em Angola..
Diamantino de Azevedo sublinhou que três dos projectos levados à discussão no parlamento estão situados na bacia do Namibe, sendo um na fronteira de exploração onde se tem actualmente dois blocos em águas profundas.
Realçou que em 2017 a produção de petróleo no país era crítica, por nessa altura existirem apenas duas sondas, porque desde 2011 não se faziam licidações de blocos, indicadores importantes para o clima de investimentos na exploração desse mineral.
A estes factores estavam aliados conflitos de interesses, a falta de investimento e de liderança no sector, sendo que a Sonangol exercia vários papéis, tanto no âmbito do seu objecto social mas também na participação diversificada em vários ramos da economia.
Estes motivos levaram à tomada de medidas imediatas para se melhorar o clima de investimento e debelar-se todos os aspectos negativos.
Com isso, decidiu-se agir em três direcções: a “tomada de medidas legais urgentes”, “alteração do sistema de organização do sector” e a adopção de mecanismos estratégicos na exploração, produção, armazenamento, refinação e formação de quadros”.
Angop