Luanda deve adotar planos de emergência e sistemas de alerta rápido para salvar vidas na época das chuvas, defendeu hoje um especialista em engenharia, responsabilizando a falta de planeamento urbano pelas enxurradas do passado fim de semana.
As chuvas intensas que se registaram na madrugada de sábado em várias províncias de Angola provocaram 15 mortos, dos quais 11 em Luanda, que registou ainda 13 desaparecidos, tendo ficado destruídas ou inundadas centenas de habitações.
Para José Paulo Nóbrega, presidente da Associação Angolana dos Projetistas e Consultores (AAPC), as responsabilidades dividem-se entre as pessoas que construíram em zonas de risco e as autoridades que não resolveram atempadamente o planeamento urbano, nem ofereceram respostas para a carência habitacional.
províncias de Angola provocaram 15 mortos, dos quais 11 em Luanda, que registou ainda 13 desaparecidos, tendo ficado destruídas ou inundadas centenas de habitações.
Para José Paulo Nóbrega, presidente da Associação Angolana dos Projetistas e Consultores (AAPC), as responsabilidades dividem-se entre as pessoas que construíram em zonas de risco e as autoridades que não resolveram atempadamente o planeamento urbano, nem ofereceram respostas para a carência habitacional.
“Se nós não conseguimos resolver o problema do planeamento urbano, as pessoas resolvem por si, porque têm de ter um telhado”, afirmou o engenheiro civil, apontando a desregulamentação como um fator crítico para resolver um fenómeno que está “perfeitamente tipificado”.
O regime de chuva tropical de Angola com “elevadíssimos caudais de drenagem em pouco tempo”, conjugado com um plano de drenagem ainda por concluir e a construção desordenada fizeram com que na capital, Luanda, os dias mais chuvosos terminem frequentemente com danos materiais e humanos.
“Em termos administrativos, normativos e de planeamento urbano, face à grande quantidade de pessoas que migraram das zonas rurais, não houve capacidade para fazer atempadamente o plano urbano, exigindo o cumprimento de algumas regras e as pessoas foram resolvendo os problemas de acordo com os seus conhecimentos e as suas soluções”, explicou o responsável da AAPC.
Para José Paulo Nóbrega, o problema terá de ser abordado em três vertentes: a disponibilidade financeira para concluir a macro drenagem, os aspetos técnicos e a questão humana.
“Quanto mais as urbes crescem, menos capacidade têm os serviços técnicos de responder à necessidade de urbanizar e quanto mais lentos formos a responder no planeamento urbano mais as pessoas vão ocupando zonas de risco”, sublinhou o engenheiro, acrescentando que a obra é complexa e com custos elevados, além de implicar desalojamentos.
O dirigente da AAPC considerou “utópico” concluir o sistema de drenagem e demolir milhares de casas até 2021, para que tudo esteja resolvido numa próxima época de chuvas, mas realçou que até lá é possível poupar vidas.
“Nós queremos fazer grandes obras de engenharia, que custam milhões de dólares e não temos dinheiro para isso. Por isso, ficamos sempre a meio. Ora um plano de emergência e um sistema de alerta são coisas muito mais económicas que podem começar a ser feitas amanhã”, destacou o especialista.
A solução mais barata é prevenir criando planos de emergência e sistemas de alerta “que permitam avisar as pessoas que as suas casas têm de ser evacuadas a partir de determinado volume de precipitação”.
Uma solução que embora permita salvar vidas, não impede a destruição das casas.
“Para preservar os bens materiais o que temos de fazer é desalojar e evitar novas construções naqueles leitos e acabar os sistemas de macro drenagem que permitem escoar um maior volume de água, em menos espaço, e de forma mais controlada até ao mar”, indicou o presidente da AAPC.
Lusa